Dezembro.
O último e derradeiro mês. Aquele em que depositamos todas as confianças e acreditamos que vai ser a rampa de lançamento do próximo ano. Acordamos para a vida e queremos mudar um ano em apenas um mês, realizar todos aqueles doze desejos que pedimos entre as doze horríveis passas mas que até agora não fizemos nada para mudar uma vírgula. Isto todos os anos, um atrás do outro. Mas este ano as coisas estão diferentes.
Parece que todos estamos com pressa que este ano acabe, comemos o chocolate do calendário do advento e respiramos de alivio – Menos um dia! Mas espera, todos os dias são dias que entram na nossa história. Não é o ano que muda a nossa vida, nem a vida do mundo. Somos nós, com uma mãozinha do destino e da sorte. Não adianta culpar o ano, porque ele não tem culpa de nada. Mas deixamos tantas coisas nas mãos dos “novos anos”, que desta vez aprendemos a lição.
Tantas aprendizagens pessoais e da humanidade em geral. Aprendemos que é possível abrandar o passo, dar valor a um abraço e à família, aos amigos. Aprendemos que chega de ecrãs e de mergulharmos os nossos amigos dentro de janelinhas de perfis de redes sociais. Aprendemos a valorizar um aperto de mão, um sorriso no rosto de alguém, um convívio em família que tantas vezes deixamos para o próximo domingo. Aprendemos a valorizar a nossa pátria, o nosso país e aquelas profissões que sabíamos serem essenciais mas que nos esquecíamos de ‘agradecer’. Mas hoje, hoje não somos os melhores do mundo, não acabou a guerra, não acabou a fome, mas quero acreditar que somos um pouco melhores pessoas individualmente, porque aprendemos a dar valor à liberdade.
Liberdade que tantas vezes nos privávamos sem ter essa perceção. Liberdade de ir sem destino, de ir rua fora de pé no acelerador. A liberdade de abraçar sem pensar em mais nada, de beijar, de andar de mão dada. A liberdade de andar na rua sem olharmos em quê que tocamos, cumprimentar quem não vemos há tantos anos. Reunir a mesa em qualquer dia da semana em modo de domingo.
Por isso, vamos curar o mundo, repensar as nossas prioridades pessoais, manter a esperança e quando tudo ficar no caminho certo vamos ser melhores pessoas. Não quero que dezembro acabe, quero que o mundo se acerte e que me deixe ser melhor pessoa amanhã. Dia após dia, sem perder um segundo. E se todos pensarmos assim, amanhã ainda haverá mundo para sermos livres.
Olá, eu sou a Ariana e tenho 22 anos. Sou de Braga e frequento a universidade no Porto. A escrita não precisa de mim mas eu preciso de escrever. Desde daquele diário azul que tinha quando comecei a escrever na primária até aos dias de hoje a escrita foi acompanhando a minha vida. A escrita criativa e narrativa como área de conforto mas com as portas abertas a novas aventuras a escrita faz parte do quotidiano e do meu eu.